número de seguidores não significa força nas redes, diz sócia de empresa de marketing
- Juan Pablo Rey
- Nov 16, 2020
- 4 min read
Updated: Dec 16, 2020

A influencer MariMoon tem mais de 720 mil seguidores no Instagram. Foto: Victor Pollak
“Não dá para definir o sucesso de um criador digital pelo número de seguidores. Temos que analisar se a pessoa está gerando conversas e conteúdos que reverberam fora da comunidade dela”. A declaração é de Ana Paula Passarelli, co-fundadora e Chief Operating Officer (COO) da Brunch, uma das principais empresas de marketing de influência do país.
Passa, como é conhecida, rechaça a ideia de que é simples criar conteúdo nas redes sociais, tal qual muitos apostam pelo crescimento do mercado. De acordo com ela, que tem no time de creators nomes como MariMoon, Nath Finanças e Monique Evelle, é importante entender de que modo os assuntos repercutem para medir o alcance que o digital influencer, de fato, tem.
- Olhamos como reverbera, se em compartilhamentos, ou as mensagens estão pautando a imprensa. Isso acontece muito com a Monique Evelle, uma das minhas criadoras. Muitas vezes ela desperta pautas no Twitter que viram pauta na imprensa. Esses dias, por exemplo, ela falou sobre comprar ou alugar uma casa e isto virou uma matéria no UOL. Assim, começamos a perceber a relevância que uma pessoa começa a construir.
ESTRATÉGIAS
Passa revela que o primeiro passo para a consolidação de uma imagem positiva na web é analisar o arquétipo e o caminho criativo do creator, já que a influência que ele gera é a partir da produção de conteúdo. Após esta etapa, são traçadas estratégias para atingir o nicho que mais se identifica com o aquele influenciador. A especialista ressalta a importância de entender a complexidade da construção de imagem nas redes para que não vire uma “fórmula mágica”.
- Quando falamos de Nath Finanças, por exemplo, é uma criadora de finanças que tem como arquétipo o fora da lei. Entendemos que é um arquétipo que fala de ir contra as regras da cultura. Finança sempre foi dado como um assunto inacessível para a maioria das pessoas e ela vai contra essa regra para dizer que finança pode ser de todo mundo. Isso é um movimento de contracultura. Neste tipo de pessoa a estratégia vai ser diferença de uma Rafa Kalimann, por exemplo. Isso tem que ser avaliado de pessoa a pessoa, tem muitas camadas que se atravessam.
Passarelli afirma que muitas pessoas se deslumbram pela fama, por presentes ganhos de patrocinadores e empresas, e esquecem do mais importante, que é o conteúdo gerado. Ela revela que o criador deve entender seu papel de “ajudar a comunidade”, caso contrário, perderá espaço para qualquer um que se disponha a entreter e auxiliar seu público.
- Só pela fama, na internet não sobrevive. O mais importante nesse processo todo é lembrar se estamos fazendo um bom trabalho e ajudando as pessoas com aquilo que estamos criando, sem esquecer que existe a opinião pública que também faz parte da definição de reverberar uma mensagem. Se a pessoa quer falar o que quer na internet, tem que saber que vai escutar o que quer. E assim você vai encontrando seu nicho, seu jeito de fazer, sua autenticidade.
Rizzo Miranda, diretora de Digital & Inovação da FSB Comunicação, trabalha na relação entre marcas e influenciadores. Ela destaca que os criadores têm como principal produto a reputação, e que o trabalho deve ser encarado com a seriedade de qualquer outra profissão. Rizzo conta que para construir uma marca de influência é necessário dominar a jornada de consumo de informações do público na internet.
- Ser influenciador não é abrir a câmera e fazer gracinha, contar a rotina. É um trabalho. Hoje tem um processo intenso de separar joio de trigo na web. Olhamos a vida do influenciador inteira, o que ele fez ou deixou de fazer e isso define se vamos escolher ele ou não. A gestão de reputação que mantém o influenciador no mercado. Tem que respeitar a audiência, ela que tá condições de ser influenciador.
Rizzo vê os criadores como uma forma de dar visibilidade para as empresas. Ela explica que os digital influencers surgiram a partir da produção de conteúdo por parte dos consumidores, e alguns se destacaram por conseguirem audiências maiores que outros.
- As marcas sabem que agora tem uma voz menor. Tem um monte de coisas que elas gostariam de falar para o consumidor final que eles não querem mais ouvir dela, mas de alguém que passou uma experiência com aquela marca, que tem uma opinião para dar. O influenciador é esse cara que criou a audiência e as marcas passaram a ter que conversar com eles. A marca agora é coadjuvante, não mais protagonista.
Mônica Ramos, criadora da Roda Viva Comunicação, vai de encontro com as opiniões de Rizzo e Passarelli. Ela trabalha principalmente na criação de conteúdo para políticos nas redes sociais, e defende a importância da definição do público-alvo para que a ideia seja transmitida de forma efetiva.
- Criamos a base de público com o conteúdo adequado. O conteúdo é primordial, o ponto central. A fidelização é feita falando para o público certo e com o que é do interesse daquelas pessoas. Por isso costumamos dizer que quem fala para todo mundo não fala para ninguém.

Ana Paula Passarelli é co-fundadora da agência Bruch. Foto: Site Brunch

Rizzo Miranda, da FSB Comunicação. Foto: FSB
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