perfis naS redes GANHAM papel central na relação entre marcas e PÚBLICO
- Felipe Musa
- Dec 5, 2020
- 4 min read
Updated: Dec 16, 2020
"Ter contato mais direto com o público é muito bom, porque antes não tinha isso. Hoje as pessoas mandam mensagem falando o que pensam de você, da sua cara, da foto que postou, questionam que fotos são essas ou quem é esse". Foto: Instagram.
O capital social para fazer parte do mundo dos influencers, um mercado que movimentará em 2022 cerca de US$ 2 bilhões, exige confiança e reciprocidade. Para isso, é preciso haver conversa, trocas e conexões entre as pessoas, afirmou Beatriz Granja, diretora de Comunicação da consultoria de negócios para influence economy, a YOUPIX. Essa opinião é reforçada pela influencer e artista Dora de Assis, e o redator e professor Toninho Lima, que não acreditam em fórmulas genéricas para o sucesso da carreira de um influenciador.
A atriz de 23 anos percebeu a oportunidade no mercado de influência ao fazer uma postagem sobre um caso de assédio e notar o alcance da sua rede. Com um uso mais assíduo e planejado do perfil de Instagram, a influencer consegue um bom desempenho nas redes a partir de conexões mais espontâneas e parcerias locais. Hoje com quase 220 mil seguidores, Dora não acredita em fórmulas genéricas de sucesso e prefere trocas afetivas com marcas previamente conhecidas, além de afirmar fazer um uso orgânico das plataformas.
“Sempre usei o Instagram como ferramenta de trabalho e tenho interesse em ter uma existência artística e também como ferramenta política, de expor minha opinião, não só como atriz. Foi uma oportunidade muito boa de ter um alcance maior, porque não é só uma rede social, é um veículo de propaganda. No final é sobre divulgar produtos, a rede social é muito sobre isso. A capa do seu produto é você de fato promover a sua vida social, ser interessante não só como trabalho, mas é uma atuação de si mesma também: business com arte. Isso é delicado" – afirma Dora.
Ao questionar o caráter democrático da internet no Brasil, a artista de 23 anos acredita que a possibilidade de ter contato direto com o público é uma vantagem da ocupação como influencer, mesmo que parte da população tenha acesso somente ao rádio e tv. Ao responder sobre como metrificar o sucesso, ela afirma não ter fórmula ou equação mágica, mas conta com parâmetros subjetivos e pessoais.
“A gente vive em uma sociedade que tem uma falsa noção de sucesso e que ele nunca chega – quando chega, passa muito rápido e temos que se manter nele. Essa visão é muito deturpada, sucesso para mim é outra coisa. Nossa função principal é existir, nosso ofício não é o que fazemos, nossa profissão é como a gente existe, como a gente se relaciona com nosso dia a dia e acho que as profissões às vezes esmagam isso e não deveria ser assim. Nosso trabalho tem que ser um complemento da nossa existência, uma extensão do nosso corpo e essa separação precisa existir. Acho que é muito complicado quando a gente se define pelo trabalho, apesar que nosso trabalho é a gente também, então não sei o que é sucesso. Para mim, é quando estou tranquila, sentindo que estou em um caminho alinhado comigo” – declara Dora
A co fundadora da YOUPIX, Beatriz, indica que para exercer plena função como influencer é preciso acumular credibilidade com determinada audiência através da veiculação de conteúdo autêntico. Ela afirma que influência não se mede com cliques ou alcance, mas sim a partir do nível de conexão entre influencer e público, o capital social que o perfil possui. Apesar de nova nesse mercado, Dora entende o impacto do seu discurso sobre o público.
“As marcas veem aquele estilo de vida que a pessoa promove e se insere nisso. A gente antes era influenciado pelo capitalismo e perguntava “o que a pessoa tem?”, já hoje “o que a pessoa é?”. Então associa-se muito rápido a pessoa ao produto e acho que por isso as empresas têm esse interesse. Às vezes tem a ver com os ideais da própria empresa. Se os valores que ela propaga estão alinhados com os nossos, isso é interessante, mas no fim, é tudo sobre números. Somos muito influenciados quando vemos alguém que acreditamos e nos sentimos próximos do discurso. Isso surgiu com os youtubers, a gente sentia falta de alguém que consome falando sobre o que está consumindo e acho que essa foi a grande virada, quando começaram a ter as grandes resenhas de Youtube, blogs, e a partir disso foi para o Instagram.”
INFLUENCIADORES COMO CONSEQUÊNCIA DAS NOVAS MÍDIAS
No vácuo deixado pela perda da audiência dos veículos tradicionais de mídia - jornais, revistas e televisão -, os influenciadores chegaram para ficar no mercado publicitário. Criador, redator e professor da Miami Ad School Rio, Toninho Lima explicou que os influenciadores ganharam espaço porque são pessoas comuns, “como se eles encarnassem o próprio consumidor”.
“Os influenciadores são, portanto, uma consequência das novas mídias. Com essa nova era de influenciadores digitais, surgiu uma tendência de divulgação, onde muitas empresas os procuram parar divulgar a marca. As redes sociais com os influenciadores geraram um novo relacionamento com o público e o público deixou de ser impactado apenas pela grande mídia - afirma Toninho.
Foto: Miami Ad School e Janela Publicitária
O fenômeno dos influenciadores é reforçado pelo aumento em 8,2% ao ano de usuários em mídias sociais, alcançando 140 milhões de perfis ativos e uma penetração no mercado de 66% (dados retirados do estudo sobre uso de dados, internet e redes sociais Hootsuite 2019-2020), as redes sociais se tornam referência não só em consumo de informação, mas também do consumo de produtos. Segundo pesquisa do Instituto Qualibest junto à Spark, 76% dos brasileiros que usam internet já consumiram produtos ou serviços após indicação de influencers, com destaque para as redes Instagram e Youtube, que são apontadas por 81% dos participantes como principais meios para seguir influencers.
O crescimento da influência e de escopo de atuação de influenciadores digitais provoca posicionamentos mais incisivos por parte das empresas que contratam esse serviço. Toninho citou como exemplo na série Emily in Paris, uma comédia dramática que está em alta na Netflix, a trama aborda moda, trapalhadas e também requinte, conta a história da americana Emily Cooper (Lily Collins) especialista de marketing. Ele comentou a cena em que uma empresária do ramo da moda diz à personagem protagonista "Não queremos agências de publicidade, preferimos trabalhar diretamente com influenciadores". “É um grave erro. A elaboração de uma campanha com influenciadores deve ser feita com critério, baseada em um planejamento estratégico e com uma boa conceituação criativa, para não perder o foco e a eficiência” – comenta o redator.
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